Vídeos produzidos a partir de oficinas de comunicação popular retratam iniciativas das juventudes do campo
Por Mariana Castro
Entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, jovens da região rural do Bico do Papagaio, no norte do Tocantins, se organizam desde 2018 por meio do GT das Juventudes, com o objetivo de contribuir para a autonomia da juventude do campo e a articulação em torno de temas como agroecologia, política, comunicação, terra e território, relações de gênero e cultura.
A partir desta sexta-feira, dia 3 de novembro, o grupo passa a divulgar uma série de pequenos vídeos produzidos por jovens da região, que apresentam iniciativas de articulação e produção nos seus territórios, seja no ramo da cultura, da formação, como também da produção.
A série é um conjunto de cinco vídeos produzidos a partir de oficinas de comunicação popular realizadas nos territórios, propondo assim a construção coletiva de roteiros, coleta de imagens, produção e edição, a fim de garantir um conteúdo de memória, divulgação e fortalecimento de suas experiências sob o olhar da própria juventude.
“Estamos conseguindo realizar nossos sonhos, sonhados a um bom tempo atrás quando criamos o GT das Juventudes, pois esse sempre foi um dos nossos objetivos, incentivar outros jovens a fazerem parte de trabalhos e atividades de formação e autonomia. Assim caminhamos rumo ao nosso protagonismo, construindo e trilhando nossos caminhos com base no que acreditamos e em defesa da agricultura familiar, do extrativismo e da geração de renda para nós e nossas famílias”, explica Camilla Ferreira, uma das integrantes do GT.
A iniciativa surgiu a partir da compreensão e demanda das próprias juventudes, que avaliam que as suas contribuições e participações nas atividades do campo são inviabilizadas e muitas vezes são consideradas uma ajuda à família ou coletivo.
Dentro dos espaços, é avaliado que normalmente a juventude não participa das decisões sobre como gerir as atividades produtivas, e muito raramente participam do processo de comercialização e gestão dos recursos gerados dentro dos lotes, apesar do grande potencial.
Parceira do GT na iniciativa, a APA-TO atua na região desde 1992 a fim de garantir a permanência de agricultoras e agricultores familiares na terra e destaca a importância da produção coletiva e divulgação dos vídeos. Além da APA-TO, o projeto tem apoio da organização alemã Misereor e da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), que atuam em defesa dos direitos humanos.
“A iniciativa é produzir pequenos vídeos que mostrem o que a juventude está fazendo no campo, com autonomia, com seu protagonismo, é muito importante para que todos percebam a importância de se investir e acreditar no potencial da juventude”, explica Selma Yuki, da coordenação da APA-TO.
Entre os vídeos a serem divulgados está a partilha de experiências do Grupo Pindova, onde jovens da comunidade de Juverlândia, área rural de Sítio Novo (TO) produzem artesanato e biojoias a partir do extrativismo do coco babaçu.
Hoje assessora técnica do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e integrante do GT das Juventudes do Bico do Papagaio, a integrante do grupo Pindova Elizete Araújo reforça a importância de produção e divulgação dos vídeos.
“Oportunidades como essa de divulgar nosso trabalho enquanto juventudes que utiliza o coco babaçu para fazer os nossos trabalhos de artesãs é muito gratificante, pois nos permite apresentar o quanto é importante a permanência do babaçu em pé e vivo, garantindo o nosso protagonismo e autonomia enquanto juventudes rurais”, comemora Elizete.
Os vídeos serão divulgados semanalmente, a cada sexta-feira, no perfil de Instagram do GT das Juventudes: @gtdasjuventudesruraisdobico e também estarão disponíveis para distribuição gratuita para entidades e coletivos parceiros.