Rede Bico Agroecológico em defesa da democracia, da agroecologia e da agricultura familiar: Haddad 13 Presidente

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Nós, da Rede Bico Agroecológico, situada na região do Bico do Papagaio, no extremo norte do estado do Tocantins, formada por agricultoras e agricultores familiares, quebradeiras de coco babaçu, trabalhadoras e trabalhadores do campo, assentados, quilombolas, juventudes, sindicatos, associações, cooperativas, comunidades e organizações da sociedade civil, manifestamos publicamente nosso repúdio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) através desta carta.
No cenário político atual, omitir-se é ser conivente com um possível projeto de governo que demonstra ser favorável a um modelo de produção que mata as nossas culturas tradicionais e destrói os nossos biomas, que é extremamente retrógrado do ponto de vista das tecnologias sociais e ambientais, e que é insustentável no viés socioambiental a médio e longo prazos para o campo e para as áreas urbanas.
Bolsonaro afirmou que não irá ‘’demarcar um centímetro de território’’ para os povos tradicionais e originários. Também foi enfático ao dizer que, em sua possível gestão, ‘’não irá destinar um centavo’’ de recursos para Organizações Não Governamentais (ONGs) e movimentos sociais – que hoje desempenham papel fundamental nas lutas pela defesa de nossos territórios e comunidades na região do Bico do Papagaio e no Brasil como um todo, incidindo, inclusive, para a criação e implementação de políticas públicas de diminuição das desigualdades sociais e econômicas.
O candidato também anunciou que fundirá os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, e que o futuro ministro será escolhido de acordo com os interesses do mercado e do setor produtivo. ‘’Vou segurar as multas ambientais’’ – garantiu publicamente o candidato aos fazendeiros latifundiários, grileiros e a intitulada ‘’bancada do boi’’ no Congresso Nacional.
Nos últimos 3 anos, segundo dados do Relatório Anual ‘’Conflitos no Campo’’, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de conflitos, massacres, perseguições e assassinatos aumentou progressivamente no campo brasileiro. Em 2017, 71 trabalhadores foram assassinatos por lutarem por direitos constitucionais. Jair Bolsonaro, em contrapartida, consolidou como pilar de sua campanha eleitoral a proposta de legalizar o porte de armas para a população. Na conjuntura atual, essa seria uma medida catastrófica para o país, mas com especial teor de crueldade e desumanidade para os trabalhadores e trabalhadoras do campo.
 

Há esperança: Haddad 13 Presidente

 
Acreditamos na Agroecologia e na Agricultura familiar não somente como uma alternativa ao modelo de produção agrícola vigente, mas como uma possibilidade concreta de mudança para a nossa sociedade em diversas dimensões. Uma mudança que impactaria – de maneira positiva – os setores econômico, cultural e socioambiental de nosso país.
Nesse sentido, eleger Haddad para presidente da república possibilitaria a nós – enquanto sociedade civil organizada – estabelecer diálogo e exigir do poder público as medidas e políticas públicas necessárias para a conservação de nossos recursos naturais, de nossas culturas e povos originários e tradicionais.
Em um passado recente, podemos facilmente recordar de todas as políticas públicas que foram implementadas, potencializadas e garantiram – não somente o sustento e a sobrevivência – mas também a emancipação social, política, econômica, ambiental e cultural de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais de nossa região do Bico do Papagaio e do Brasil. Lembramos do importante impacto de políticas e ações como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), as Escolas Família Agrícola (EFA), o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), o Programa Luz para Todos, o Programa Minha Casa e Minha Vida, o Bolsa Família, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), o Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (ECOFORTE), o Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural na Amazônia (PROAMBIENTE), o Mais Médicos, o FIES e as cotas que permitiram o acesso de negros, quilombolas, indígenas, filhos e filhas de trabalhadores rurais em Universidades Públicas e Privadas.
Ainda há muito o que fazer pelo Bico do Papagaio, porém, em uma região até então abandonada pelos governos, lembrar-se dessas políticas públicas que tiveram o início de sua implantação ou sua potencialização com a primeira gestão petista se faz mais do que necessário, é preciso lutar por nenhum direito à menos –  é o nosso dever cidadão nesse momento.
Nesse sentido, votar em Fernando Hadadd é tarefa de todos os brasileiros e brasileiras que se posicionem a favor do estado democrático e dos direitos humanos fundamentais. É preciso vencer o ódio e a raiva que nos cegam, não abandonando o olhar crítico para os problemas apresentados nas gestões petistas, mas reconhecendo as qualidades e esperanças presentes no Programa de Governo de Fernando Haddad para os próximos quatro anos.
A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) publicou uma carta pública listando as propostas de Haddad nas áreas da Agroecologia e Agricultura Familiar.
É hora de tomarmos as ruas e as redes e nos posicionarmos em defesa da vida em abundância para todos e todas. Em memória de Padre Josimo, mártir do Bico do Papagaio, de Irmã Dorothy Stang, de Chico Mendes, e tantos outros que tiveram suas vidas ceifadas pelas mãos do latifúndio, da grilagem e do avanço desenfreado do agronegócio.
No próximo dia 28 de outubro é preciso votar 13. Fernando Haddad Presidente, pela democracia, pelos povos da terra, das águas e das florestas.
 
 Sem Democracia não há Agroecologia!
 
13 de outubro de 2018
Bico do Papagaio, Tocantins, Brasil
 
Rede Bico Agroecológico

  1. Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO)
  2. Associação Agroextrativista e Social do Projeto de Assentamento Canaã (AAESPAC)
  3. Associação da Comunidade Remanescente de Quilombola Carrapiché (ACREQCA)
  4. Associação da Comunidade Remanescente de Quilombola Prachata (ACREQPRA)
  5. Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombolas da Ilha de São Vicente (ACREQUISVI)
  6. Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Buriti (AMB)
  7. Associação do Projeto de Assentamento Santa Cruz II Setor São Félix (APASC)
  8. Associação dos Pequenos Lavradores do Projeto de Assentamento Ouro Verde Setor Barro Branco (ASBB)
  9. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto de Assentamento Nova União (APRAN)
  10. Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Projeto de Assentamento 07 de Janeiro Setor I (ATRSSJ)
  11. Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP)
  12. Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agricultores Familiares Agroextrativistas e Pescadores Artesanais de Esperantina Ltda (COOAF –Bico)
  13. Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB)
  14. Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (AMIQCB)
  15. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Sítio Novo
  16. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Axixá
  17. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Praia Norte
  18. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Regional de São Sebastião, Buriti e Esperantina