O canteiro econômico da Osmarina e do Francisco: Geração de renda, saúde e tempo

Osmarina Souza da Silva é casada  há mais de 40 anos com Francisco de Assis da Silva, mais conhecido na vizinhança como “Chico Prazer”. A comunidade onde vivem desde 1992 é o Projeto de Assentamento Ouro Verde, que fica na cidade de Araguatins – TO. Antes de conseguirem o lote no setor Barro Branco do Projeto de Assentamento, Chico e Osmarina chegaram a morar em “terra de dono”, como diz o Seu Francisco, e, por isso, sabem bem a importância e a alegria de ter uma terrinha pra chamar de sua.
Apesar da vida já ter melhorado bastante, até hoje a comunidade na qual vivem Osmarina e Francisco enfrenta algumas dificuldades. Uma delas é o abastecimento de água, que é de responsabilidade da prefeitura. É comum dar problema na bomba que distribui a água para as casas e quem mais sofre é a comunidade, que acaba ficando sem acesso a algo que é um direito básico de todos. Porém, mesmo com a escassez de água, a Dona Osmarina e seu Chico conseguem produzir cheiro verde, coentro, alface, rúcula, couve, cebolinha e pimenta de cheiro, tudo sadio e com muita qualidade. Isso é possível porque o casal tem um canteiro econômico no seu quintal.
Dona Osmarina molha os canteiros com um regador grande verde
O canteiro econômico tem esse nome por causa do seu objetivo principal, que é justamente economizar água. Diferente dos canteiros convencionais, o canteiro da Osmarina e do Francisco só precisa receber água de 8 em 8 dias, o que ajuda a economizar não só esse recurso tão precioso como também algo muito importante na vida de quem tem muito trabalho no campo: o tempo! Por não ter que separar uma horinha todos os dias para ficar regando as plantas, o casal ganhou bastante tempo para se dedicar a outras atividades, o que trouxe muita qualidade de vida para eles.
Para construir o canteiro, o trabalho foi bem cooperativo. Várias pessoas da comunidade foram até a casa da Dona Osmarina e do Seu Francisco e em um dia conseguiram fazer tudo. E a Dona Osmarina garantiu: “quem trabalhou, gostou do resultado”. A primeira coisa necessária a se fazer foi a terraplanagem do lugar onde o canteiro ia ser construído, porque se o terreno está desnivelado, pode ser que não chegue a mesma quantidade de água a todas as plantas.
Dona Osmarina e Seu Chico estão proximos aos canteiros, dona Osmarina molhando com o regador e seu Chico olhando a atividade.
Depois do solo já estar bem retinho, foi a hora de construir um retângulo com tijolos. Então, tanto as paredes desse retângulo quanto o chão, foram forrados com um plástico resistente e em seguida foi posicionado um cano com furos em todo o comprimento do canteiro, que é por onde passa a água. O fato de ter esse plástico é o que ajuda a segurar a água no canteiro por mais tempo. O cano que fica no fundo é ligado a outros dois canos, que ficam no começo e no final do canteiro na posição vertical, para que se possa colocar a mangueira para fazer a rega. Antes de colocar a terra, o cano furado é coberto com telhas, para que não corra o risco de os furos entupirem.
Por fim, vem então a camada de terra e a camada de cinzas, de esterco de galinha e de gado e tronco de palmeira, que servem de adubo para a planta crescer forte e bonita. Depois de pronto, foi só conectar a mangueira aos canos que ficam para fora e esperar a terra dar uma leve encharcada. Com a terra já úmida, bastou esperar 10 dias para deixar o estrume curtir e já foi possível plantar.
Além de ajudar na economia de água e de tempo, o canteiro também colaborou com a renda da família, que não precisa comprar as hortaliças que produz em casa e ainda consegue vender alguns produtos para as famílias da comunidade. Outro benefício que o canteiro trouxe para a vida da Osmarina e do Chico é a melhoria da saúde. O canteiro ajuda a manter as plantas mais verdinhas, porque controla melhor a temperatura, já que a terra fica úmida por mais tempo, e ainda impede que algumas pragas atinjam os cultivos, já que o plástico do fundo acaba servindo como uma proteção contra esse problema também.
Dona Osmarina está agachada colhendo cebolinha, que está com cerca de 40cm
Além disso, eles não usam veneno e sabem que estão consumindo e vendendo produtos muitos saudáveis. Um detalhe que exige cuidado e atenção, porém, é a época de inverno, quando chove muito, porque o canteiro pode alagar e isso é ruim para as plantas. Para resolver essa situação, nessa época o casal adapta os canos do canteiro de modo que a água saia do canteiro e não fique retida, prejudicando a plantação.
O canteiro econômico foi tão bom para a vida da Osmarina e do Francisco que o sonho deles é que todas as famílias do Projeto de Assentamento pudessem ter um igual aos deles. Eles também querem fazer mais canteiros e desejam que a comunidade se fortaleça cada vez mais para poder sempre reivindicar seus direitos e ter o acesso à água de qualidade garantido.
Acesse o informativo sobre o canteiro econômico aqui.