A Casa de Polpa Fruta Nova é a primeira agroindústria de base comunitária, na região do Bico do Papagaio, a obter registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária. O projeto visa aproveitar as frutas do cerrado e da Amazônia e promover a conservação da biodiversidade.
Por Geíne Medrado
![](https://www.apato.org.br/wp-content/uploads/2024/03/20230610_151636-2-1024x461.jpg)
A Casa de Polpa Fruta Nova, da Associação dos Pequenos Lavradores do Projeto de Assentamento Ouro Verde do Setor Barro Branco (ASBB), no município de Araguatins-TO, é a primeira agroindústria de base comunitária da Região do Bico do Papagaio, a obter registo de estabelecimento junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O registro foi obtido no dia 05/02/2024.
A casa de polpas funciona desde 2017 e é gerida pelos agricultores e agricultoras camponeses do assentamento Ouro Verde, em Araguatins-TO. O projeto nasceu da ideia de aproveitar as frutas do cerrado e da Amazônia, com o intuito de evitar a perda da produção e promover a conservação da biodiversidade. As frutas vêm do trabalho de sistemas agroflorestais e coleta de frutas nativas dentro do assentamento.
A agroindústria produz uma diversidade de sabores de polpas de frutas como abacaxi, açaí, acerola, cajá, caju, cupuaçu, buriti, goiaba, manga, maracujá, murici, tamarindo, jamelão, bacuri, laranja, bacaba, limão, entre outras.
![](https://www.apato.org.br/wp-content/uploads/2024/03/Foto-de-Geine-Medrado-576x1024.jpg)
![](https://www.apato.org.br/wp-content/uploads/2024/03/Foto-de-Geine-Medrado2-1-576x1024.jpg)
Com a agroindústria registrada pelo MAPA amplia-se as possibilidades para a associação comercializar os produtos para mercados formais, além de ser um incentivo para a conservação da sociobiodiversidade, como destaca o presidente da Associação dos Pequenos Lavradores do Projeto de Assentamento Ouro Verde do Setor Barro Branco (ASBB), Antônio Barbosa da Silva.
“O registro da casa de polpa além de ser a realização do sonho da comunidade em ter seu produto regularizado, abre portas para o mercado institucional. Isso com certeza irá incentivar nossa comunidade e as comunidades vizinhas a plantar mais e preservar as árvores nativas que dão frutos usados para fazer polpa”, disse Antônio.
A ASBB integra a Rede Bico Agroecológica, formada por organizações da sociedade civil que desenvolvem ações de fortalecimento da agricultura agroecológica e a valorização da biodiversidade local.
A conquista do registro no MAPA é fruto de uma longa caminhada da comunidade junto às organizações parceiras.
Com o registro obtido, o próximo passo é a associação registrar os sabores das polpas produzidas.
Histórico
O projeto de construção da casa de polpas da ASBB contou com assessoria técnica da ONG Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) desde a construção da unidade de beneficiamento até o registro no MAPA. A conquista foi possível por meio da execução de um conjunto de projetos da Associação e da APA-TO, trabalhado em parceria.
Um dos editais que possibilitaram a construção da casa de polpas se deu ainda em 2013, por meio do projeto do PPP-ECOS, com recursos do Fundo Amazônia. O objetivo do projeto era de reduzir o desperdício de frutas nativas e incentivar o plantio de frutas cultivadas, além de incentivar a autogestão de projetos pela associação e a discussão de produção agroecológica.
![](https://www.apato.org.br/wp-content/uploads/2024/03/20230610_154924-2-scaled.jpg)
Em 2015 houve a execução de um segundo projeto, este destinado a construção de um local mais adequado para a produção de polpa, e em 2019, por meio de um terceiro projeto, a associação começou o processo de adequação da agroindústria para o registro do MAPA.
Para a assessora técnica da APA-TO Yuki Ishii a casa de polpa é uma conquista que abre a possibilidade de gerar renda concreta para as famílias do assentamento Ouro Verde, além de possibilitar a conservação da sociobiodiversidade e ampliar as oportunidades de comercialização dos produtos no mercado.
“A conquista do registro da casa de polpas mostra que é possível uma unidade de beneficiamento ser registrada pelo MAPA, pois ainda é um grande desafio para os empreendimentos comunitários da agricultura familiar conseguirem esse registro”, reforçou Yuki.
![](https://www.apato.org.br/wp-content/uploads/2024/03/Foto-de-Geine-Medrado5-768x1024.jpg)